O Justiceiro - 1° Temporada | Crítica

O Justiceiro - 1° Temporada
Elenco: Jon Bernthal, Ebon Moss-Bachrach, Amber Rose Revah,Ben Barnes
Criação: Steve Lightfoot
Estreia: 17 de novembro de 2017.

★★★★

“Você tem a guerra dentro de você.”

A parceria entre Marvel e Netflix tem proporcionado um olhar mais realista sob o universo dos quadrinhos, destoando bastante do apresentado nas telonas e as escolhas de quais personagens ganhariam suas séries tem sido em sua maioria acertadas. Mas assim como, com o passar dos tempos, se falou que a formula aplicada nos cinemas poderia estar se desgastando, pensou-se o mesmo com as produções da Netflix, com alguns tropeços mesmo que leves, o universo das séries continua sua caminhada com O Justiceiro, personagem que foi apresentado na segunda temporada do Demolidor e agora ganha sua série solo.

Um dos personagens mais icônicos da editora e provavelmente o maior símbolo dos anti-herois, Frank Castle (Jon Bernthal) é um ex-fuzileiro americano que busca vingança contra àqueles que mataram sua família e a partir dai, resolve não medir esforços para eliminar criminosos da face da terra sem pestanejar. Quando foi apresentado na série do Demolidor, vemos essa personalidade escancarada e um personagem que não toma meias-medidas na guerra contra o crime.

A trama da série é muito bem amarrada, tem sua quota de drama militar e também um tom politizado, atenta principalmente para questões como o controle de armas, numa época em que o debate é forte nos Estados Unidos e, obviamente, não passaria despercebido pela Netflix. Mas ai também mora um dos pontos controversos da série, visto que todos os acontecimentos anteriores ao seu lançamento parecem ter surtido efeito na personalidade de Castle durante a série.

Na série, após conseguir a vingança contra as pessoas que mataram sua família, Frank decide largar o manto de Justiceiro, porém uma descoberta de que os verdadeiros mandantes ainda estão impunes o coloca novamente na caçada por justiça, uma justiça que não se consegue por “meias-medidas”.

Porém, esse Justiceiro parece seguir um código moral mais rígido e se preocupar mais com as pessoas que ficarão no fogo cruzado da sua jornada, isso pode ser explicado por nem sempre estar na vantagem tática, mas também pode ser uma mudança que reflete o sinal dos tempos.

Os demais personagens da série, cumprem muito bem sua função e as sub-tramas são tão importantes quanto à principal e claro, muito bem conectadas à esta. Todas tratadas com igual zelo no roteiro, culminando num resultado praticamente impecável na experiência final, tratando questões que vão desde estresse pós-traumático até controle de armas.

Bernthal deu tudo de si ao personagem e o resultado não poderia ser melhor, desde sua atuação na série do Demolidor que se viu que o manto da caveira estava nas mãos certas. Do Frank fuzileiro, passando pelo pai, marido até chegar ao homem buscando vingança, ele consegue colocar uma camada de realidade surpreendente em sua atuação.

Não pode passar em branco o fato que Justiceiro tem, de longe, as melhores atuações no quesito séries da Marvel, muito disso pelo peso de seu próprio roteiro que exige uma dramaticidade muito maior que o comum "tiro, porrada e bomba". Personagens como Lewis Walcott (Daniel Webber) surgem na história para antagonizar mais do que com balas, mas com ideias e por vezes você vai estar pensando que tanto Castle quanto Lewis utilizam os mesmos meios para fins completamente diferentes.

Isso recai na jornada do anti-heroi vivida por Frank e na constante sinuca de bico na qual vivem os roteiristas desse tipo de história, pelo simples fato de que ao mesmo tempo que precisam justificar o motivos pelos quais o protagonista faz o que faz, não podem jamais glamourizar esse tipo de atitude.

Mesmo com essa mudança notável no modos operante do Justiceiro, a série é com certeza a mais madura e visceral da parceria Marvel e Netflix e reflete um lado que nem sempre é explorado nas adaptações de quadrinhos, da possibilidade de contar histórias extremamente carregadas emocional e politicamente, mesmo que não se enxergue a máquina de matar que ficou conhecida nas páginas das revistas, você será capaz de enxergar um homem com uma missão, vencer a guerra que luta dentro de si.

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