Liga da Justiça | Crítica

Liga da Justiça (Justice League)
Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Gal Gador, Ezra Miller, Jason Momoa, Ray Fischer, Amy Adams, Ciaran Hinds, Jeremy Irons
Direção: Zack Snyder
Estreia: 16 de novembro de 2017

★★★

Depois de muitos problemas na produção como refilmagens, o afastamento de Zack Snyder da direção no processo de pós-produção (quando Joss Whedon assume o projeto), o bigode de Henry Cavill e tantos outros impasses, temos aqui um filme que mesmo antes da sua estreia já era controverso. Nas mãos de Snyder, que já comandou os dois filmes anteriores (Homem de Aço e Batman V Superman), Liga da Justiça se estabelece como uma repetição de valores e premissas de outros tantos filmes de super-heróis, mas brilha de modo único graças ao divertimento e leveza, com uma mensagem esperançosa (para o mundo, mas principalmente para a DC/Warner).

É importante destacar logo que a dinâmica dos 6 heróis é o ponto alto do filme. As atuações são muito boas tanto dos personagens que já conhecemos quanto dos novos, com destaque para Jason Momoa e Ezra Miller. O alívio cômico do Flash e os momentos mais sisudos do Aquaman são bem equilibrados e trazem uma abordagem bem diferente em termos que química do que a que vimos em Batman V Superman por exemplo. A fidelidade da adaptação com relação aos personagens consagrados das HQs nos mostram que é justamente o caráter pessoal desses personagens que fazem o público ser cativado por cada um deles.

A direção precisa de Snyder em alguns momentos busca refletir sobre a esperança (ou a falta dela) no mundo fictício do Universo Estendido da DC Comics no cinema. A paleta de cores mais saturada, com mais destaque para laranjas (cena do milharal com Henry Cavill e Amy Adams) e os azuis (retorno do Superman) refletem a preocupação de drasticamente mudar o tom do filme em relação aos dois anteriores e, ao mesmo tempo, afirmar sua identidade visual de maneira inteligente.

Apesar disso, a trama do filme é fraca e inconsistente. A resolução do problema no terceiro ato é vexatória e reflete exatamente a maior preocupação da produção: fazer com que o público goste dos personagens principais, e não necessariamente do filme como um todo. O vilão Steppenwolf (Ciaran Hinds) é pobre de construção e de carisma, falta-lhe motivação. Mesmo essa sendo construída no background da história, a trama com Darkseid deveria ter sido melhor aproveitada para uma construção adequada do vilão. O filme também peca nos efeitos especiais, muito mal executados nas grandiloquentes cenas de ação do terceiro ato e na resolução do polêmico problema do bigode de Henry Cavill (além de perceptível, é incrivelmente ridículo).

Sem sombra de dúvidas, a edição se mostrou eficiente ao reduzir o que antes eram horas e mais horas de material gravado a apenas duas horas. Há quem ache pouco, porém ao assistir o longa é perceptível que o tempo é mais do que suficiente para contemplar o necessário. Os diálogos não são corridos e o timing do humor é ótimo. Aliás, o humor não é forçado (como diziam as pessoas baseando-se nos trailers). Há naturalidade e leveza para as piadas e o tom mais "alto-astral" do longa colabora com esse conceito, de modo a abordar o humor sempre como uma válvula de escape da situação difícil e tensa da trama.

Nem o humor nem a diversão salvam Liga da Justiça de seus problemas com história, roteiro e profundidade das questões abordadas. É um menu degustação dos heróis que você ainda não viu e um momento de apreciar novamente a trindade (Batman, Mulher-Maravilha e Superman) em ação. O gostinho de "quero mais" fica entalado na garganta ao final do filme, e com certeza vale a pena esperar pelas duas cenas pós-créditos. Snyder acertou ao entregar um filme que começa uma nova era da DC no cinema, com um filme divertido, engraçado e bem acabado (porém com sérios problemas) que irá agradar não só os fãs da DC, mas também o público em geral.

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