Valerian e a Cidade dos Mil Planetas | Crítica


Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a Thousand Planets)
Elenco: Dane DeHaan, Cara Delevingne, Clive Owen, Rihanna
Direção: Luc Besson
Estreia: 10 de agosto de 2017 (Brasil)

★★★★

Ninguém começa um filme com "Space Oddity" de David Bowie sem a expectativa ou a intenção de ser um verdadeiro espetáculo.

Luc Besson dificilmente tem o objetivo de ver seus filmes lotados no cinema. Sua ideia é criar um cult, algo que seja pertinente com o passar dos anos, como quem diz "eles não precisam entender o filme agora". Com O Quinto Elemento foi assim, com Lucy foi assim e com Valerian e a Cidade dos Mil Planetas não é diferente. Apesar dos lugares vazios nas sessões de estreia e pontos de interrogação no rosto de várias pessoas depois do final, o filme entrega o que promete.

Mesmo sendo baseado em uma HQ dos anos 70, o longa não precisa de repertório prévio para ser assistido. (Ponto pra ele!).

Dane DeHaan (Versos de Um Crime) e Cara Delevingne (Esquadrão Suicida) são escolhas interessantes para os papeis principais, Valerian e Laureline.  Pensando que o diretor é francês e parte da produção é chinesa, fica difícil escolher atores com aquela "cara típica" de protagonista. A tentativa falha de "galantizar" Dane e fortalecer Cara dá o ar irônico ao enredo e faz com que a conexão dos dois seja um dos pontos fortes do filme. Valerian e Laureline são soldados e o fato de ter uma "briga de egos" entre os dois traz uma versão diferenciada de comédia e tira aquele romantismo básico. A aparição de Rihanna também é um Q a mais no filme e, logicamente, sua personagem traz a sensualidade necessária, mesmo que apenas por alguns minutos.

Por mais que em um primeiro ver os personagens possam parecer fracos, dá a entender - é impossível ter certeza, pois ninguém está dentro da cabeça do diretor - que a ideia de Luc era focar justamente na "Cidade dos Mil Planetas", se não isso não teria virado título e seria no máximo aquele subtítulo tosco ou um slogan que ninguém lembra. A dificuldade do público em aceitar que a personagem principal é um lugar e não uma pessoa é normal, mas vale a pena, nem que seja tentar, enxergar o protagonismo de formas diferentes.

O vilão do filme pode ser óbvio para os cinéfilos ou para os bons associadores de rostos, algo meio "pô, mas esse cara aí só faz papel de mal, lógico que ele é o vilão!". Para quem não tem essa percepção, o desenrolar da história talvez fique um pouco menos óbvio, mas não surpreendente.

A experiência de imagem do filme infelizmente é perdida em parte aqui no Brasil devido a falta de locação de salas de altíssima qualidade, como as 4XD e as IMAX. Porém, mesmo no 3D "classicão" é possível ver o trabalho bem feito, a qualidade de captura e, principalmente, toda a computação gráfica envolvedora. Além do óbvio, Luc Besson também coloca no longa um conceito interessantíssimo de realidade virtual e que, se a humanidade caminhar rápido no sentido tecnológico, poderá ser real em breve.

Valerian e A Cidade dos Mil Planetas é um mix muito bem feito de clichés que saíram de moda e valores importantíssimos que são deixados de lado. Um filme de entretenimento que, apesar de não vir tendo grande sucesso, é imperdível para o público e imprescindível no currículo do diretor. 

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