1922
Elenco: Thomas Jane, Molly Parker, Dylan Schimid
Direção: Zak Hilditch
Estreia: 20 de outubro de 2017 (Netflix)
Elenco: Thomas Jane, Molly Parker, Dylan Schimid
Direção: Zak Hilditch
Estreia: 20 de outubro de 2017 (Netflix)
★★★
Um homem branco, casado e com um filho. Mora na sua propriedade no interior de Nebraska. O ano, 1922. Tudo indica que esse homem poderia fazer qualquer coisa para proteger o que é seu. Mas a questão é: o que de fato nos pertence? Stephen King é o autor desse conto que agora possui sua adaptação em longa metragem produzida pela Netflix e dirigida por Zak Hilditch ("These Final Hours").
A impressão causada pelo trailer é de que esse é mais um filme de terror tirado da mente insana de King. Porém há algo a mais, e o diretor evidencia isso durante o longa. Essa história não é sobre assombrações. Muito pelo contrário, essa é uma história especialmente sobre decisões e impulsos. A narração do próprio protagonista, James (Thomas Jane), deixa claro que a barbaridade que este cometeu à sua mulher foi de fato algo que ele se arrepende. Contudo, o fantasma (ou seria a própria culpa?) que o persegue possui planos muito mais malignos que a vingança.
O uso de vários elementos narrativos para situar o espectador na angústia do protagonista é uma característica do desenvolvimento do roteiro, como os ratos por exemplo. Eles são o porta-voz da figura do além que persegue James por todo o filme. A chegada do inverno também simboliza a frieza e solidão interna do personagem. Uma boa atuação de Thomas Jane fez do protagonista caipira uma figura que não é estúpida, mas sim inconsequente nas suas ações e impulsos, proporcionando uma visão mais realista do assunto tratado no filme.
A fotografia podia em diversas vezes se valer de mais recursos para adaptar os novos estágios do drama sofrido por James ao longo da narrativa, mas perde a oportunidade para focar num tom de terror/thriller psicológico sem perder o gore que é a cara de Stephen King. Infelizmente, as soluções para os conflitos do filme são demoradas e fazem uma hora e quarenta minutos parecerem mais de duas horas. Os diálogos são certeiros para andar a história e não se complicar ainda mais graças à direção lenta e cansativa.
De certa forma, esse filme aborda as consequências de ações tomadas de forma irracional. "Solucionar" o problema da venda do seu terreno matando sua esposa foi somente o começo dos problemas de James. O filho Henry (Dylan Schmid) de quatorze anos é a reserva da razão em toda a narrativa, pelo menos no tocante ao conflito do primeiro ato (que desencadeia toda a triste história do protagonista). A ideia de pertencimento, posse, é explorada para justificar a ação principal de James no filme, suscitando questões a respeito do tempo que se passa o filme e da perspectiva de análise do mundo de hoje.
Por mais que essa obra tropece ao longo do desenvolvimento da narrativa, o filme possui uma mensagem e o terror é construído de maneira razoável, o que justifica assistir 1922 afim de adentrar em mais uma experiência concebida originalmente por Stephen King.
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