Elenco: Michael Fassbender, Katherine Waterston, Billy Crudup, Danny McBride, Demián Bichir, Carmen Ejogo
Direção: Ridley Scott
Estreia: 11 de maio de 2017
Sabe aquele déjà vu do tipo: já vi esse filme antes? Pois é. O novo filme de Ridley Scott e continuação direta de "Prometheus" de 2012 traz exatamente esta sensação. Pior que não divertir, é divertir em partes e não se propor a absolutamente mais nada.
Covenant é a nave que está levando milhares de humanos para um novo planeta, a fim de colonizá-lo. A tripulação desperta do sono induzido devido a um acidente, e mensagens enigmáticas os levam a um planeta até então desconhecido, porém teoricamente perfeito para vida humana. Lá, eles acabam descobrindo que o planeta já era habitado por criaturas nada agradáveis.
A dinâmica apresentada do grupo de tripulantes que despertam do sono, sem querer param num lugar desconhecido, levam uma forma alienígena para a nave e lá lutam com ela é exatamente a mesma apresentada no filme original que deslanchou a carreira de Scott. Voltam com maestria aqui também alguns outros elementos (característicos de Scott também do primeiro filme) importantes para um bom filme da franquia: o terror (há muito gore em todo o filme), o suspense, a fotografia e o jogo de câmeras acertadas em lugares pequenos como corredores da nave e o elemento surpresa do Xenomorfo, causando bons jump scares.
E é só isso. Não há nenhum aprofundamento aqui que possa fazer de Alien: Covenant um filme relevante. Uma repetição da fórmula antiga que adiciona erroneamente um segmento no segundo ato para se justificar: "Sabemos que vocês não gostaram de Prometheus, então aí vão 20 minutos de explicações que relembram o filme. Agora você será obrigado a gostar." O gancho entre as duas histórias é feito pelo personagem de Michael Fassbender, que aliás é a melhor atuação do longa.
Não há riscos, o filme se mantém preso nas correntes do próprio ego de Scott que tenta levar o filme muito a sério com questionamentos religiosos e filosóficos de boteco. Uma ou duas frases são bem encaixadas, pois no geral (assim como o resto do roteiro) as falas são vazias e fracas. Os diálogos evocam um senso de seriedade que nunca foi preciso. Ou seja, segue a mesma linha de Prometheus: deseja levar toda a história baseada em um questionamento filosófico e quiçá teológico. E essa visão é resgatada em Alien: Covenant, goste você ou não.
O resto do elenco nunca consegue mostrar total capacidade de estar ali pois o próprio roteiro amarra as atuações. Como no caso de Oram (Billy Crudup), que é construído como um homem de fé, idealista e extremamente metafísico, mas nunca chega a realmente chegar em algum lugar como personagem. Mesmo a performance de Katherine Waterston que até convence, mas nunca passa desse ponto. A missão do próprio filme em fazê-la a nova Ellen Ripley fracassa retumbantemente.
Alien: Covenant entrega o que você espera de um filme no universo de Alien, e somente isso. Se torna não só uma grandiloquente repetição de tantos conceitos já conhecidos, mas também uma tampa no caixão de uma franquia que já buscou se renovar de tantas formas, e que agora se vê esgotada e sem perspectiva futura de vir a entregar algo no futuro que seja realmente novidade para o espectador.
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